segunda-feira, maio 30

O que eu quero sempre

Sossego (Tim Maia)

Ora bolas
Não me amole
Com esse papo
De emprego
Não está vendo
Não estou nessa
O que eu quero
Sossego

domingo, maio 29

Tentativa e erro

Às vezes me perguntam se eu não tenho planos e projetos para a minha vida. Mas não quero ter o meu futuro numa prancheta metálica, impecável e irrepreensível. Com medidas milimétricas sem direito a um mínimo erro. Não quero meu futuro com datas e prazos, com limites e metas. A coisa mais bacana desse filme tragicômico chamado vida é o erro e o acerto, aliás o método de tentativa-erro deve ser a primeira coisa que aprendemos quando somos crianças. Tentativa de olhar aquela formiga fora do berço. Erro/consequência: Cair de cabeça no chão. Tentativa de incendiar a sala com um isqueiro. Erro/consequência: Surra da mãe. Tentativa de beber detergente da louça. Erro/consequência: Surra da mãe e ir para o hospital e surra novamente. Tentativa de ficar com aquela menina. Erro/consequência: fora magistral. Podem ler novamente as duas últimas frases para ter uma noção da vida de um normal terráqueo adulto.
Mas para confirmar a minha teoria, digo que até Deus, vejam só, "O Cara", seguiu esse método no começo da sua, digamos, "carreira".
No capítulo do Gênese da Bíblia, está escrito o seguinte:

"No começo criou Deus o Céu e a Terra. A Terra era uniforme e inteiramente nua; as trevas cobriam a face do abismo e o Espírito de Deus boiava sobre as águas. Ora, Deus disse: Faça-se a luz e a luz foi feita. Deus viu que a luz era boa e separou a luz das trevas(...)
Disse Deus ainda: Reunam-se num só lugar as águas que estão sob o céu e apareça o elemento árido. E assim se fez. Deus deu ao elemento árido o nome de terra e chamou mar a todas as águas reunidas. E viu que isso estava bem. Disse mais Produza a terra a erva verde que traz a semente e árvores frutíferas que dêem frutos cada um de uma espécie, e que contenham em si mesmas as suas sementes, para se reproduzirem na terra. E assim se fez. A terra então produziu a erva verde que trazia consigo a sua semente, conforme a espécie, e árvores frutíferas que continham em si mesmas suas sementes, cada uma de acordo com a sua espécie. E Deus viu que estava bom(...)
Também disse Deus: Produza a Terra animais vivos, cada um de sua espécie, os animais domésticos e os armais selvagens, em suas diferentes espécies. E assim se fez. Deus fez, pois, os animais selvagens da Terra em suas espécies, os animais domésticos e todos os répteis, cada um de sua espécie. E Deus viu que estava bom(...)"

Cortei algumas partes, mas garanto que a frase "Deus viu que isso e/ou aquilo era bom" aparece muitas vezes depois dele ter feito isso e/ou aquilo. Ou seja, o Cara não tinha planos de nada, ele se bobear estava sem nada pra fazer e se perguntou:
- E se eu, sei la, criasse o universo?

Mas como não tinha ninguém que pudesse responder pra Ele, a pergunta foi meio retórica mesmo.
Continuando. Ele estava lá, na sua sala, no seu escritório, e simplesmente começou a criar o mundo do nada. E as coisas começaram a ficar boas e Ele continuou, porque estava inspirado naquele dia. Se Deus, no meio da semana de criação tivesse um bloqueio criativo, teríamos um mundo sem animais, ou sem plantas e sem o ser humano. Aliás, é bem provável que os trilhões de planetas e galáxias do universo sejam obras de rascunhos inacabados do Criador. Se houvesse um texto que registrasse essas semi-criações talvez fossem:
-E Deus criou entao o calor infernal e as nuvens de gases tóxicos. Mas Deus viu que isso era mau.
Lixo. E assim foi criado Mercúrio.

Ou:
-E Deus criou o frio gélido e a escuridão eterna. Mas Deus viu que isso não era legal.
Lixo de novo. E assim foi criado Plutão.

Por isso defendo que devemos ir experimentando e errando, até acertar, exatamente como Deus. Ou quase. A única diferença é que Ele erra menos e cria coisas bacanas como o Universo e a Vida, etc e tal. Mas tirando isso é igualzinho. Experimentem.

sábado, maio 28

Is there anybody outhere?

Ouço grilos. Mas estão bem longe. As moscas procuram algum resto de comida, mas nem isso encontram. Eu abro a porta desse blog e não vejo ninguém. Será que a festa já acabou? Ou fui eu que cheguei atrasado? Feriadão prolongado esvazia o mundo. Deviam ter me avisado que a Internet funcionava só de segunda a sexta, das 9 às 17 horas. Será que fecha para férias e descanso dos funcionários?

quinta-feira, maio 26

UÓÓÓÓÓÓÓ

George Constanza: "You know what I've never understood? Why did they change the siren noise? When I was a kid, it was always 'WAAAAAH WAAAAAH' and now it's 'WOO WOO WOO WOO WOO'. Why'd they do that? I mean, did they do some research? Did they find out that WOO-WOO was a more effective siren than WAAAH?"
Jerry Seinfeld: "Hey, and what about those English sirens? 'EEE YAAAH, EEE YAAAH, EEE YAAAH, EEE YAAAH'..."

quarta-feira, maio 25

Lua distante

A noite traz a lua
e os sonhos trazem você
montada na brancura de um sorriso.
Presa a um passado
que o futuro não pisa.

As cores difusas do presente
contrastam o amor constante
que foi, que é e que vai ser.
Que o tempo não finaliza.

Meu corpo repousa
minha alma viaja,
beija, sofre e ama.

Os sonhos vão embora,
mas a lua continua.

segunda-feira, maio 23

Vento frio

O silencio tinha apenas o vento como concorrência e a sua respiração era facilitada pela circulação de ar fresco daquela manhã de Março. As árvores acenavam ao ritmo do mesmo vento, mas sem se preocuparem com a sobriedade do local onde estavam plantadas.
No meio de uma horta de sepulturas, a placa de mármore sinalizava o fim de uma existência. Um tabuleiro branco com letras douradas era o que restava de quase nove décadas de vida. Sem notar, ele pensava em quantos meses, semanas e dias formavam 89 anos. Quantas risadas, quantos momentos de choro e pranto foram contabilizados em nove décadas. Agora era pouco importante. Neste momento, os risos e as lágrimas são uma ficção, concretizada apenas naquela lápide fria e impessoal.
O que se faz perante uma lápide? Reza-se? Conta-se piadas? Ali, em frente à seputura do seu tio, as perguntas apareciam e ele não sabia o que fazer. Justamente ele, que tinha sempre algo a dizer sobre todos os assuntos do mundo, perdeu a fala perante uma placa encardida de mármore. Questionava-se sobre essa indecisão e dúvida. Seria sinal de velhice e senilidade?
Não queria rezar nem contar piadas, queria apenas lembrar. Recordar tudo o que foi dito naquelas horas, dias, semanas e meses até os 89 anos do velho tio Agenor. Não tinha certeza se realmente falara sobre tudo com ele, mas tinha certeza que, agora, seu tio era muito mais do que uma lápide gélida.
Mas era tarde demais para despedidas ou promessas. O momento é apenas de reflexão e recolhimento. Se 89 anos eram resumidos por uma placa de mármore e uma notícia no jornal, ele não queria imaginar os seus 46 anos pecaminosos.
Antes que o vento desaparecesse, resolveu se retirar e ir embora para casa. Deslizando pelos túmulos, olhando levemente para trás, sentiu que já respirava melhor, mas sua vida tinha mudado ligeiramente. Era Outro que ia embora com o vento. Mais do que saber para onde iria, queria, sim, descobrir o caminho até lá.

sábado, maio 21

Iahuuu!


Groselha vitaminada Milani,
Iahuu;
É uma delícia,

Iahuu;
No leite, no refresco e no lanche;
Pra tomar a toda hora,
Na sua casa,

na festinha,
na merenda,
Tudo fica uma delícia,
Guarde o nome não se engane;
Groselha vitaminada Milani,

Iahuu!
Também com sabor morango e framboesa, Iahuuu !

quinta-feira, maio 19

As vozes da estação

Venâncio era um cara romântico. Gostava de poemas, de flores, e de escrever as suas cartas de amor, umas mais ridículas do que outras. O começo da primavera o deixava particularmente inspirado. Depois de um longo compasso de espera, finalmente tomou coragem e resolveu ligar para a amada. Desceu as escadas do seu quarto para a sala e agarrou com decisão a agenda de telefones. Letra C. Antes de marcar os oito números decisivos, ensaiou uma conversa de elevador pelo telefone. Estou ferrado, pensou ele, já que a sua conversa de telefone era patética e a de elevador era inexistente, por morar num andar térreo. Por que não ouvi a minha mãe e comprei o apê do sétimo andar, perguntou para si mesmo, antes de marcar os dígitos.
-Alô?
-Célia?
-Não, é o pai dela...
Tinha a péssima mania de confundir as vozes das pessoas. Irmãs com irmãs, mãe com filhas, avós com netas. E, pela primeira vez, pai com filha. As coisas começaram bem.
-Ah, desculpe, poderia falar com a Célia, por favor?
-Humpt..Quem gostaria?
-Vênancio Vasquez.
-Só um minuto.
Dois minutos depois...
-Alô?
-Célia?
-É ela mesma, quem tá falando?
-É o Venâncio, da academia..eu faço bicicleta do seu lado, lembra?
-...
-Terça às 18 e Domingo às 11..
-Ah! Lembrei..tudo bom?
-Tudo beleza..Nossa sua voz é tão diferente pelo telefone..
-Diferente como?
Era a minha chance de começar o xaveco.
-Ah, sei la, mais sexy..
-Eu sou alérgica ao pólen..minha voz muda na primavera.
-Hummm...
Aconteceu o que eu temia. Acabou o assunto. Tenho que falar alguma coisa antes que comece o silêncio mortal. Pense, pense, pense..
-...
-...
-...
-...
Bang, Bang... Ja estou imaginando a manchete dos jornais: "Silêncio mortal atacou novamente. Dois mortos durante conversa telefônica. As vítimas tiveram morte social imediata".
E de repente, a luz!
-Os papagaios da Birmânia comem alpiste uma vez por ano!!
-Errr...o que?
-Você não sabia?
-Não...você é tão inteligente..quer casar comigo?
(fim do sonho, de volta ao silêncio mortal)
Bom, vou tentar ser sincero.
-Ia te convidar pra sair, mas acho que você não tá a fim..Por isso vou deslig..
-Espera! Quem disse que eu não quero?
-Ah, você não parece muito interessada..
-Não, vamos sim...eu nem te conheço direito pra te dar um fora assim..
E assim a sorte começou a sorrir para mim. Finalmente. Ou não. Tenho que pensar num presente para levar pra ela...Com essa primavera linda estava pensando em flores. Seria uma boa pedida. Gostei da voz sexy dela. Ou seria do pai dela?

quarta-feira, maio 18

Pergunta farmacêutica_3


Calvin & Hobbes, by Bill Waterson

"Por que perder tempo aprendendo, quando a ignorância é instantânea?"

terça-feira, maio 17

The Quantic Soul Orchestra

Descobri esse álbum por acaso nas prateleiras da FNAC e foi uma grande descoberta. O conjunto formado e liderado pelo inglês Will Holland é uma boa surpresa no meio de tantos falsos alarmes no R&B/funk/soul/FM/Whatever. O músico reanima o soul e o funk da década de 60 e 70, com um som rasgado e swingado, melodioso o suficiente para ficar nos ouvidos depois da primeira escuta.
A batida começa com "Introducing The Quantic Soul Orchestra", um funk nervoso e tradicional, seguido por "West Pier Get Down", com um swing de guitarra, bateria e metais bem dançante. Sou ligeiramente suspeito para falar sobre metais porque não tem nada melhor numa música do que um bom naipe de metais e um arranjo bem feito. Ok, há outras coisas tão boas quanto isso, por exemplo a batida de violão do (então) Jorge Ben, juntamente com o arranjo de orquestra, principalmente nos primeiros álbuns do actual Ben Jor. Mas voltemos ao Quantic Soul. A terceira faixa dá o nome ao álbum, "Pushin' On" e conta com a participação da vocalista Alice Russell, assim como em grande parte do disco. Estamos no mais puro funk anos 60/70. E viva o verdadeiro funk. Continuamos com "That Goose On My Grave", com duas guitarrinhas dialogantes e uma bateria sincopada intrometida. É ouvir e deixar o vento passar pelo rosto.
Chegamos quase ao meio do álbum e Alice Russell está de volta com uma nova versão de "Feelin Good", com um arranjo de cordas, uma batida drum'n bass e uma bela voz que, se não impressiona, cumpre o seu papel. "The Conspirator" é a próxima música e, de repente, voltamos aos filmes de blaxpoitation dos anos 70, mas o drum 'n bass ainda não foi embora. A mistura agrada. "Hands of My Love" traz Alice Russell com uma repetição que chegaria a ser irritante se não fosse os discretos detalhes instrumentais ao longo da música.
Segurem-se. Estamos quase acabando. Guitarra, hammond e voz: "Hold on Tight". Já ia esquecendo o naipe de metais continua presente. "Get a Move On", para mim é a melhor música do álbum, pelo menos pelo começo, com o qual é impossível ficar indiferente. E de repente, as flautas entram..será que convidaram Ian Anderson? Não, mas bem que poderia ser. "Painitngs and Journeys" é a penúltima faixa e é talvez a música mais contemporânea do disco. Passo. "End of the Road" termina a estrada e o álbum, com um funk/soul tradicional, na voz de Alice Russell.
Por mera coincidência, a última edição do caderno de cultura do jornal português Público, o Y, também avaliou esse álbum. Deu nota 7. Eu concordo. Se não é genial, é muito mais do que bom. Acima de tudo, para apreciadores do bom e velho soul/funk.

segunda-feira, maio 16

Recordações

Hoje choveu
e lembrei de você
dançando na chuva,
correndo de mim
ou correndo pra mim

A memória me engana
Mas pra te ter de novo
eu engano a memória
trapaceio as lembranças
e aqui estou eu com você

Ali, na chuva
Naquele céu,
no fim de tarde
Aqui, dentro de mim

O sol já voltou
e você ainda não
as lembranças já vão

Chegue tarde,
chegue assim,
mas traga as lembranças
que fogem de mim.

domingo, maio 15

Dwitza world

Doce Ilusão (Ed Motta e Nelson Motta)

Vim cansado de mim
voltei como quem não foi
Foi só te ver,
pra ver que viver sem você vai ser triste demais,
Vai ser nunca mais
teus beijos de amor teus ais
Mas ficar com você, pode ser pior
muito mais triste que sozinho
É amor de verdade
ou mais uma ilusão
Veneno, que alegra o coração
Vai, me deixa em paz,
vai ser bem melhor assim
não quero mais,
olhar teu olhar
nem ouvir tua voz me mentindo
Sorrindo pra mim,
dizendo te quero amor
Quem sou eu, onde estou
Já não posso mais fugir, fingir
agora é tarde
Nada disso é verdade,
diz a voz da razão
Calando a dor do coração,
Às vezes, um sim dói mais que o não

Nada disso é verdade, diz a voz da razão
Calando a dor do coração
Às vezes, um não dói mais que o sim...
Às vezes a vida faz assim

sexta-feira, maio 13

Inscrições abertas

Venho por este meio reivindicar uma maior criatividade na gastronomia mundial. Ok, usamos cebolas, champignon, alcaparras, caviar, e muitas outras coisas, mas descobri que os tremoços estão sendo claramente sub aproveitados na culinária. Muitas pessoas consomem como aperitivo, mas mais nada! Alguem já comeu pizza de tremoço? Macarrão ao molho de tremoço? Frango assado recheado de tremoço frito? Não, não e não! Uma iguaria com um sabor tão único tem que ser melhor aproveitada pelos "chefs" estrangeiros.. Desta forma proponho a criação da Federação Internacional dos Tremoços (FIT), para uma campanha de sensibilização mundial para a causa dos tremoços sub aproveitados. Além disso, já repararam se nas campanhas de recolha de alimentos contra a fome, alguém manda tremoços? NÃO! Tal situação não pode continuar, caros amigos!! Inscreva-se já na FIT e faça um tremoço feliz!

quinta-feira, maio 12

Balanço dois meses e..

A inspiração chega de repente, mas às vezes ela é quase literalmente arrastada para estas linhas do blog. Na verdade, acho que dá pra perceber que nem sempre os textos publicados estão tão bons quanto deveriam e, principalmente, quanto eu gostaria que estivessem. As ideias chegam durante todo o dia, mas ao mesmo tempo desaparecem durante várias horas. É difícil prever quando elas vão aparecer. Muito do que escrevo aqui é autobiográfico de alguma forma, mas também tem uma grande carga de ficção. Tenho meus temas preferidos, tenho temas que aparecem de conversas com amigos, outros são resultado de textos que leio. A maioria surge enquanto estou ouvindo música. Certas melodias, algumas letras, ou as duas coisas juntas são uma pólvora para as ideias. Podem ser pontos de partida para textos poéticos, desabafos ou uma prosa desajeitada. São retratos do que eu sinto ou gostaria de sentir. São fotogramas de uma vivência que não é minha.
Frequentemente leio blogs de amigos ou livros que parecem conter toda a sabedoria humana. Sinto que o conhecimento é algo estanque e uma propriedade de alguém que não sou eu. Mas ao mesmo tempo, é interessante perceber que um texto nasce como um pé de feijão. Aqui, ali ou no quintal do vizinho. Torto, bonito, ou às vezes quase perfeito. Faço a minha modesta tentativa.
Esse blog foi criado há um pouco mais de dois meses como um espaço onde defini que não falaria muito sobre mim, mas acho que nunca fiz algo que fosse tão parecido comigo de uma forma ou de outra. Nenhum texto, citação, música ou poesia estão aqui por acaso, apesar de às vezes poder parecer que estou postando um trecho de música simplesmente para encher linguiça. Não é verdade. Há muitas maneiras de expressar sentimentos. Nessa tentativa de andar pelo mundo sombrio da internet, tenho visto formas muito bacanas de expressão. Fotos legais, textos originais, poemas de gente talentosa e muito mais.
Não tenho nada contra, mas aqui nunca vou escrever sobre o shampoo que lavo o meu cabelo, sobre o que comi no café da manhã ou sobre quanto tempo estive parado no trânsito durante o dia. Mas posso postar uma música do Ultraje a Rigor, um poema do Ze do Caixão ou um trecho do Loucademia de Polícia. Pelo menos são referências públicas e mesmo que não liguem para o que eu tenho a dizer, cada um pode interpretar como quiser, fechar o browser e ir dormir sossegado. Obrigado a todos que têm lido, visitado, comentado, elogiado e criticado o blog, cobrando coisas ou simplesmente chutando o balde. Um dia eu aprendo.

terça-feira, maio 10

Citando antigos dogmas

Já que o assunto tocou na religião, eu aproveito para deixar uma citação do "Dogma", do Kevin Smith, que questiona e brinca com os dogmas religiosos sem perdoar nada nem ninguém e com uma boa dose de blasfêmia para todos os gostos.

Bethany (Linda Fiorentino) é "humana" e Metatron (Alan Rickman) é um anjo.

Bethany: What's he like?
Metatron: God? Lonely. But funny. He's got a great sense of humor. Take sex for example. There's nothing funnier than the ridiculous faces you people make mid-coitus.
Bethany: Sex is a joke in heaven?
Metatron: The way I understand it, it's mostly a joke down here, too.

segunda-feira, maio 9

Just read

Porque não só de Prosaico vive o homem, resolvi colocar aqui algumas dicas de coisas inteligentes que estão sendo escritas nesse enorme bolo embatumado chamado Internet.
Há blogs estúpidos, há blogs inteligentes, há blogs inúteis, há blogs estupidamente inteligentes e inúteis.. Poderia batizar essa rubrica com o criativo nome de "Dica da semana", mas também nada me impede de batizar essa rubrica de "Vanessa" ou "Sebastiana". A rubrica é minha e eu escolho o nome que quiser. Se bem que aceito sugestões. Mas não abusem. O blog é meu.
Bom, a dica da semana, ou a Vanessa, ou Sebastiana vai para o Jesus, me chicoteia. Não vou perder tempo descrevendo o que é o blog, só digo que é a Bíblia reescrita, é bom e começa aqui. O resto é questão de tempo.

domingo, maio 8

Amor marginal

Na outra margem do rio
apesar da neblina,
do escuro e do entulho
eu só vejo você.

Um abraço distante
um beijo constante
e uma tristeza real.

Junto olhares e flertes
lembranças e sonhos
da infância e de hoje
e só vejo você.

Sou dois e sou um
sou aquele e sou eu
e apesar de todo esse rio
que separa nós dois,

A sua margem sou eu
e o meu curso é você

sexta-feira, maio 6

Mestre Ali, aqui e em qualquer lugar

O mundo dos videntes é fascinante. Recebo sempre aqueles panfletos dos mestres, líderes, chefes, astrólogos, curandeiros, caciques ou whatever. São todos muito sérios e engraçados ao mesmo tempo. Resolvi descrever aqui o mais recente que recebi, do "Mestre Astrólogo Ali". Como dá pra perceber é um mestre em astrologia, mas embaixo, para que não fiquem dúvidas, vem o subtítulo "Grande espiritualista curandeiro e vidente especializado". Atenção. Além de ser grande, também é especializado, porque no mundo atual não há espaço para amadores e isso é muito importante no mundo globalizado e concorrido do charlat...err, desculpem, dos videntes.
Adiante. O texto continua com "herdeiro de uma das maiores famílias videntes do Mandingue. Iniciado desde os 8 anos de idade". Isso mostra que além de ser especializado, ele traz o dom do berço, ou seja, pode ser mais um frustrado a quem o pai obrigou a ser vidente, tipo:

-Pai, quero ser astronauta!
-Não, você vai ser vidente como seu pai e seu avô foram!
-Mas pai...
-Não não e não!

Mais na frente do texto, o Mestre Ali diz que cura "10 tipos de doenças". Confesso que isso me deixou intrigado. Quais serão as dez terríveis doenças que ele cura? E as outras? Aliás, quantas doenças há no mundo? E se as 10 doenças forem: chulé, gripe, unha encravada, caspa, queda de cabelo, falta de vitaminas, cárie, mau-hálito, frieira e dor de cabeça? E um hipocondríaco, será que só consegue a cura de dez males? Ou é considerada só uma doença? Ai, ai..dúvidas...
Outro ponto que me assustou no panfleto foi "Exame do sexo para ter força no amor". Por favor, me expliquem, o exame do sexo é uma prova, tipo vestibular? Ou será um exame médico? Não sei porque, mas fico assustado com ambas as opções. Continuando: "Se seu marido ou mulher foi embora, venha à consulta e irá vê-lo(a) na mesma semana!" Já me disseram que um detetive particular também promete a mesma coisa, se bem que a "visão" é através de fotos da porta de um motel. Mas tudo bem. Não vou comentar aqui o "Faço emagrecer ou engordar" ou o "resultados garantidos a 100% em 7 dias", mas não resisto ao "Trabalho sério, honesto, eficiente e rápido (por correspondência, enviar um envelope com selo)". O cara quer dizer: "Se quiser que seja mesmo por correspondência, mande um selo, senão nem pensar, aqui não é a Santa Casa nem a sede do Correio. Mas o cara é trabalhador. Eele tem um horário de trabalho que eu não queria: "todos os dias das 8 aàs 22 horas". Ah! Ele diz que tem facilidades de pagamento. Mas será que ser caloteiro é doença?

quinta-feira, maio 5

Ira! sempre

É assim que me querem

Estou sonhando de olhos abertos
Estou fugindo da realidade
Todas as cervejas já bebi
Todos os baseados já fumei

E o que há de errado no mundo
Meus olhos não podem ver
Eu estou do jeito certo
Prá qualquer compromisso assumir

E é assim que me querem
Sem que possa pensar
Sem que possa lutar
Por um ideal
E é assim que me querem
A ver na tv todo sangue jorrar
E ainda aprovar a pena capital

E me vendem essa droga
E me proibem essa droga
Para os desavisados poderem pensar
Que o governo combate
Invadindo a favela, empunhando fuzis
Juntando dinheiro
Para a platina no nariz

E é assim que me querem
Sem que possa pensar
sem que possa lutar
Por um ideal
E é assim que me querem,
a ver na tv o sangue jorrar
E ainda aprovar a pena capital

quarta-feira, maio 4

Mais um

Mais um conto de amor. Merda. Por mais que se esforçasse, ultimamente Wilson acabava sempre falando sobre paixões falhadas. Brigas conjugais. Amores platônicos. Merda, merda. Depois de duas linhas de diálogos retóricos entre a Marival e o Norberto, duas personagens recorrentes na sua parca imaginação, Wilson voltou a limpar a tela do computador. O branco hipnótico ajudava a esterelizar ainda mais a sua mente viciada.
"Não quero mais nada com você, Norberto!", era outra frase escrita, reescrita e não-escrita por ele. Queria escrever um suspense. Um amor, sim, mas que fosse sublimado por uma morte violenta. Um incesto. Talvez tiros na porta de uma joalheria.
Wilson não era um escritor policial. Já tentara entrar na literatura dos crimes, mas o máximo que havia conseguido era um romance medíocre que começava com um crime menor. Duzentos e trinta e quatro exemplares vendidos. Duzentos comprados por ele. Quem seriam as outras 34 pessoas? Leitores dos seus contos de amor que se sentiram traídos pela mudança? Fãs da literatura policial que ousaram acreditar no meu talento?
Os amigos de Wilson, no começo da sua carreira de escritor, haviam lhe recomendado que não pensasse nos seus leitores depois da obra acabada. Mas, poxa, quem vende 50 mil livros não pode pensar em todos, mas..trinta e quatro? Não conseguia imaginar meio Maracanã, mas lembrava dos 30 e poucos colegas do tempo da escola.
Na estante, seus dois livros mais vendidos: "Encontrei você na noite azul" e "Gota do meu suspiro" iluminavam o ser ar falhado como um neon. A campainha toca. Wilson se levanta para atender. Percorre o carpete encardido com chinelos leves num pé pesado. Procura as chaves. Campainha toca novamente. Chave na porta. Boa tarde.
Um casal de vinte e poucos anos, com um sorriso de jovens cristãos, segurava o primeiro livro de contos de Wilson debaixo do braço. Tímidos, ousam fazer a pergunta ao grande mestre do amor. Pode nos dar o seu autógrafo? O escritor hesitou, não poderia ser verdade. O casalzinho explicou. Nos conhecemos numa biblioteca, sabe? Cada um de nós estava lendo um livro seu..coincidência, não é mesmo? Casamos há dois meses.
Wilson escreveu o seu nome. Wilson Carrara. Quando fechou a porta para os sorrisos, respirou fundo e seus olhos abaixaram como um por-do-sol. Tinha que escrever algo novo. Nem que seja mais uma merda de um conto de amor.

terça-feira, maio 3

Citações encontradas e desencontradas

Charlotte: So, what are you doing here?
Bob Harris: Uh, a couple of things. Taking a break from my wife, forgetting my son's birthday. And, uh, getting paid two million dollars to endorse a whiskey when I could be doing a play somewhere.
Charlotte: Oh.
Bob: But the good news is, the whiskey works.

segunda-feira, maio 2

Explicações

Normalmente todas as músicas são feitas com um propósito e um objetivo. Mesmo um poema e um texto literário, por mais subjetivos que sejam, tiveram um motivo inicial para o qual foram criados. Às vezes gosto de saber a razão de ser de uma música, outras vezes prefiro ignorar e manter o mistério sobre determinada letra/poema/livro, ou manter a "minha" versão sobre eles.
A carga de subjetividade de um poema de Fernando Pessoa, por exemplo, acabam com qualquer pretensão de interpretar um simples significado da sua poesia. Seria injusto rotular e enquadrar um poema com uma explicação, apesar de ser uma tendência inata do ser humano. Procurando um poema que justificasse a minha tese de forma generalista, acabei encontrando um que fala justamente sobre isso:

Dizem que finjo ou minto
Tudo que escrevo. Não.
Eu simplesmente sinto
Com a imaginação.
Não uso o coração.

Tudo o que sonho ou passo,
O que me falha ou finda,
É como que um terraço
Sobre outra coisa ainda.
Essa coisa é que é linda.

Por isso escrevo em meio
Do que não está ao pé,
Livre do meu enleio,
Sério do que não é,
Sentir, sinta quem lê !

Para terminar, uma frase que ouvi no último show que vi do Quinteto Tati, proferida pelo vocalista, J.P Simões: "Se num show, um artista tem que ficar toda hora explicando ao público o significado das suas músicas, é porque uma das partes é imbecil".

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