quinta-feira, março 31

Good Morning, Vietnan

Adrian Cronauer: "Sometimes you've got to specifically go out of your way to get into trouble. It's called fun".

quarta-feira, março 30

Tudo poderia ser diferente

E se Adão e Eva não tivessem comido a maçã? Ou melhor, e se a fruta proibida não fosse uma maçã? Passo muito tempo me questionando o que seria do ser humano se os cidadãos com os cartões de sócio nº1 e 2 desse clube - não tão restrito - chamado Humanidade, ou seja, Adão e Eva, não tivessem comido uma maçã, mas outro fruto qualquer. Sim, qual é o problema? Na Bíblia não está escrito em nenhum lugar que a fruta da Árvore do Conhecimento era uma maçã. Poderia ser, sei la, uma jaboticaba, um morango, um caju, uma melancia, ou até uma jaca! Seria muito positivo para a humanidade se o famoso casal não tivesse comido a fruta por um justo motivo como, por exemplo, preguiça de descascar uma jaca ou porque Eva não conseguia carregar uma pesada melancia até Adão, que descansava no outro canto dos Jardins do Éden.
Insisto, tudo poderia ser diferente. Em primeiro lugar, não teríamos esse lobby gigantesco da indústria das maçãs. Eu explico.
O homem tem uma proeminência no pescoço, como chamamos? Maçã-de-Adão. Uma das cidades mais conhecidas do EUA? Big Apple. Um gigante da informática? Apple. Um doce de festa junina vermelho preso num palito? Maçã-do-amor. Vejam quantos exemplos! Supondo que Adão comesse uma jaboticaba proibida e se engasgasse, a proeminência no pescoço seria bem menor. Nova York poderia se chamar Big Strawberry, Big Acerola, ou até Big Graviola, por que não? E não seria romântico dividir uma melancia-do-amor com a nossa namorada na Festa Junina? Presa num pauzinho, tipo bilboquê? É incompreensível não terem pensado nisso.
Sem falar que neste exato momento ainda poderíamos morar no Jardim do Éden e estarmos nus, sentados com um laptop no colo embaixo de uma árvore fresquinha, lendo essas humildes linhas e curtindo a vida. Nada de roupas com esse calor!
Ah! E também não estaríamos condenados para o resto da vida pelo pecado original, já estava me esquecendo desse outro motivo!
Num próximo capítulo analisaremos: o papel da Cobra da Árvore do Conhecimento como passadora de droga. Afinal, a frase "A cobra vai fumar" não pode ser mera coincidência! Aguardem!

terça-feira, março 29

Conhecer

Procuro significados no seu olhar,
coisas que me façam acreditar
no que eu quero crer e viver.
Mas encontro interrogações.

E como amo interrogações!
Dizem que fazem parte da vida
e da morte, por que não?
Qual é o sabor da vida e da morte
sem duvidar do amanhã?

O dicionário é pequeno
para tudo que desejo saber de você
Ele tem início, meio e fim
Mas a minha vida só tem início
e você.

segunda-feira, março 28

Citações musicais

Whitey on the Moon (Gil-Scott Heron)


A rat done bit my sister Nell.
(with Whitey on the moon)
Her face and arms began to swell.
(and Whitey's on the moon)
I can't pay no doctor bill.
(but Whitey's on the moon)
Ten years from now I'll be payin' still.
(while Whitey's on the moon)
The man jus' upped my rent las' night.
('cause Whitey's on the moon)
No hot water, no toilets, no lights.
(but Whitey's on the moon)
I wonder why he's uppi' me?
('cause Whitey's on the moon?)
I wuz already payin' 'im fifty a week.
(with Whitey on the moon)
Taxes takin' my whole damn check,
Junkies makin' me a nervous wreck,
The price of food is goin' up,
An' as if all that shit wuzn't enough:
A rat done bit my sister Nell.
(with Whitey on the moon)
Her face an' arm began to swell.
(but Whitey's on the moon)
Was all that money I made las' year
(for Whitey on the moon?)
How come there ain't no money here?
(Hmm! Whitey's on the moon)
Y'know I jus' 'bout had my fill
(of Whitey on the moon)
I think I'll sen' these doctor bills,
Airmail special
(to Whitey on the moon)

sábado, março 26

Observações submarinas

Assisti ao novo filme do Wes Anderson - "The Life Aquatic with Steve Zissou" - ontem a noite e poderia ficar aqui a noite toda escrevendo sobre coisas que pensei enquanto estava no cinema e principalmente depois de ter saído de lá. Mas como não quero transformar o blog num site de crítica de cinema, porque eles já abundam por aí, vou resumir e deixar apenas três conclusões que eu tirei do filme.
1) Seu Jorge está com tudo. Boa sorte pra ele porque o cara merece.
2)Bill Murray é rei. Viva o cara e que continue fazendo muitos filmes, porque nós merecemos.
3)Wes Anderson continua sendo um incompreendido. Não porque faça filmes bons ou maus, mas porque tem o estigma de fazer filmes que os ditos "intelectuais" acham simplórios e bobocas, e que o "povão" acha sem sentido e chatos. (Usei as aspas nos dois termos porque não tive paciência de procurar um termo mais explicativo e justo, então fiquei com o abrangente e preconceituoso mesmo, não reclamem). Só não consigo entender a fuga de algumas pessoas da sala de cinema no meio do filme. Isso ninguém merece.

sexta-feira, março 25

Nota informativa

Desapareceu deste texto na noite de sexta feira a pontuação O autor está muito preocupado Os sinais de pontuação foram vistos pela última vez num texto sobre John Steinbeck Quem souber do paradeiro é favor entrar em contato com o dono do blog Oferece se recompensa valiosa a quem fornecer qualquer pista sendo garantido o anonimato Fontes ligadas ao Prosaico 20mg relatam que nos últimos tempos o autor tinha brigado com a pontuação por diversas vezes tendo esta ameaçado desaparecer sem deixar rastros o que pode ser o caso Os sinais atendem pelo nome de Vírgula Ponto Hífen Interrogação Dois Pontos e Exclamação Obrigado pela compreensão Deus lhe pague

quinta-feira, março 24

Citações escritas

Hoje cito aqui um trecho do "Vinhas da Ira" do John Steinbeck. Li esse trecho ontem e sem perceber, já tinha relido umas três vezes.

"Porque o homem, ao contrário de qualquer outra coisa orgânica ou inorgânica do universo, cresce para além do seu trabalho, sobe os degraus das suas próprias ideias, emerge acima das próprias realizações. É isto o que se pode dizer sobre o homem. Quando as teorias mudam e caem por terra, quando as escolas filosóficas, quando os caminhos estreitos e obscuros das concepções nacionais religiosas, econômicas, se alargam e se desintegram, o homem arrasta-se para adiante, sempre para frente, muitas vezes cheio de dores, muitas vezes pelo caminho errado. Tendo dado um passo à frente, pode voltar atrás, mas apenas meio passo, nunca o passo todo que já deu. Isto é que se pode dizer do homem: dizer-se e saber-se".

quarta-feira, março 23

Eu

Saio de mim porque não tenho paciência para egocentrismos. Quero outros mundos e ao mesmo tempo ser genuíno. Volto a ser Eu porque preciso do meu livre-arbítrio. Tenho que ter calma e decidir porque sou o rei de mim mesmo.

Correntes

Eu confesso. Já não aguento receber correntes por e-mail. Podem ser lindas, iluminadas, mágicas, abençoadas, santas, infalíveis, ou até mesmo angelicais; eu não quero saber. São chatas, só isso. Não dou a mínima que elas tenham sido seguidas por um John Taylor Hommes do Novo México ou por uma tal de Sophie Jacques, moradora de Bruxelas. Não vai ser seguida por mim e ponto final. Admito que acho muito interessante quando recebo um anjo feito com pontos, vírgulas e parênteses num documento do Word e ao mesmo tempo dizem que a corrente existe há 3 séculos, o que só prova uma de duas coisas. Ou as pessoas são inocentes há 3 séculos ou Bill Gates copiou o Word de uma ideia de algum monge copista que gostava de correntes.
"Coloque um asterisco na frente do seu nome e vamos ver quantas pessoas tem o mesmo nome que o seu". Será que sou eu o rabugento, ou seria muito pertinente perguntar: "mas pra que"?
Na verdade eu gosto quando as correntes tem promessas: "Mande para os seus amigos e vai ver o que acontece". Eu pessoalmente devo perder alguns, isso sim é que vai acontecer. Ou então ameaças discretas: "quero receber de volta hein?" O mala mais mala é o que não só manda correntes, como quer continuar a recebê-las ad eternum.
E depois há uma série de objetos escolhidos para dar sorte que não fazem sentido. Eu entendo os anjos da sorte, os santos abençoados, as até as bruxinhas do amor, mas já recebi o "hipopótamo da sorte", o "monstrinho da sabedoria" e a "girafa mágica". Preciso comentar? Get a life.
Mas admito que uma das correntes acho bem "paz e amor". Já recebi algumas vezes e sigo religiosamente. Geralmente após a ladainha de sempre, as correntes têm aquela tabela horrorosa com as pessoas para as quais temos que enviar e os "prêmios" para cada uma. Pois bem, gosto daquelas em que diz: "0 a 5 pessoas - sua vida vai ficar igual". Isso sim é uma coisa positiva. Não há castigos, não há ressentimentos, apenas paz e amor e a seguinte mensagem embutida: "Não quer enviar para ninguém? Beleza! Você não vai conhecer a Claudia Schiffer, mas também não vai ser atropelado pela caminhão de lixo num dia de chuva". Passar bem. Obrigado.

segunda-feira, março 21

Frases vazias

Se eu soubesse que a distância entre ter e te perder fosse tão curta não teria fechado os olhos pelo caminho. Eu perdi o pôr-do-sol, mas amanhã ele volta a nascer e quem sabe aí volto a por os meus pensamentos em você.

sexta-feira, março 18

Mais citações

JOHN MILTON: Let me give you a little inside information about God. God likes to watch. He's a prankster. Think about it. He gives man INSTINCTS! He gives you this extraordinary gift, and then what does He do, I swear for His own amusment, his own private, cosmic gag reel, He sets the rules in opposition. It's the goof of all time. Look but don't touch. Touch, but don't taste! Taste, don't swallow. Ahaha! And when you're jumpin' from one foot to the next, what is he doing? He's laughin' His sick, fuckin' ass off. He's a tight-ass! He's a sadist! He's an absentee landlord. Worship THAT? NEVER!

quinta-feira, março 17

Pet Sounds #1

A música seria completamente diferente sem os Beatles e os Beach Boys. A frase é clichê, mas quem ouve "Sgt. Pepper's" e "Pet Sounds" entende o que quero dizer. Pela rivalidade criativa das duas bandas, a música pop/rock mudou de caminho e de rumo, atravessou barreiras e se transformou no ícone moderno de experimentação e idealismo. Naquela época, enquando os Beach Boys reinavam na America com o surf rock, os Beatles compunham na Inglaterra alguns dos seus maiores sucessos. Quando Brian Wilson, mentor da banda, ouviu pela primeira vez o hit adolescente "I Wanna Hold Your Hand", previu - corretamente - que, a partir dali, nada seria como antes.
Em 56, os Beatles lançaram "Rubber Soul". Brian Wilson, impressionado, ouviu o disco quatro vezes seguidas. Disse para si mesmo que tinha que fazer algo tão bom quanto a tal obra dos Beatles. Começa a experimentar, a compor, a criar. A cabeça de Brian está a mil. São muitas ideias ao mesmo tempo e a vontade de superar a si próprio toma conta da obra. "Pet Sounds" nasce em 66 e chuta os níveis de qualidade e normalidade para além dos limites. Paul McCartney assume que a obra prima de Brian Wilson e dos Beach Boys foi a principal inspiração para mais uma arte da pop: "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band". Em 1967, o mundo não era mais o mesmo. "Pet Sounds" e "Sgt. Pepper's" explodiram da cabeça de gênios que começaram, inocentemente, disputando o coração das mulheres e culminaram no maior e mais positivo combate criativo do mundo musical.

terça-feira, março 15

Um

Não era o primeiro carro que comprava. Era apenas o mais importante. Aquele que iria mudar definitivamente a sua vida. Preferia não contar isso a ninguém, mas os automóveis parados ali no saguão, depois de anos de uso indevido e irrestrito, pareciam saber que a sua visita a uma loja de carros usados só poderia ser justificada por uma razão muito especial.
Seu mal estar era evidenciado pela roupa exageradamente desajeitada, aquele paletó de veludo marrom com as mangas mais curtas do que o normal, as calças jeans de todos os dias, a camiseta verde-oliva e os sapatos que só usara no casamento da sua irmã. Com a morte dos pais e a mudança da irmã, Vinícius ficara sozinho em casa e era chegada a altura de fazer algo. Mas o planejamento prévio daquele dia não retirava a sensação esquisita que percorria o seu corpo. Um certo gosto amargo na boca, um calor morno na testa e as mãos se desfazendo em suor o deixava profundamente irritado.
Enquanto o vendedor preenchia infinitos papéis e usava dezenas de carimbos invisíveis, ele aguardava a hora de pagar e sair daquele mundo nojento e estranho o mais rapidamente possível. O empregado, sentado numa cadeira estofada mas com mais rodagem que todos os carros ali presentes, remexia nos papéis que explodiam da sua mesa sem controle sobre o que estava fazendo.
O Fiat 147 azul marinho parado do lado de fora refletia de forma opaca a luz do sol do meio dia. A escolha já estava feita e, agora, o seu único companheiro tinha 55 cavalos e 800 quilos. Caminhou até à porta ao mesmo tempo que enxugava as mãos nas calças pegajosas. Olhou no horizonte do capô do velho 147 e viu o alinhamento das lojas da pequena cidade. Estabelecimentos decadentes, letreiros bregas pintados com com cores berrantes e o cheiro nauseabundo de merda faziam Vinícius odiar ainda mais aquele lugarzinho.
Sem perceber, tinha a expressão carregada com um certo ar de asco, um nojo bolorento daquela visão do seu presente. Só se desfez da cara espremida quando sentiu o toque do vendedor no seu ombro e uma voz com palavras mágicas.
- Está tudo pronto. É só assinar os papéis e passar o cheque..
A burocracia acabou. Tinha chegado a hora de partir.

Devendra Banhart

Devendra Banhart. O meu contato com esse nome foi exatamente como o meu contato com a sua música. Gradual e viciante. Tinha lido algumas coisas sobre ele na imprensa especializada, mas como eu tenho sempre grandes dúvidas em relação à imprensa especializada - antes que digam alguma coisa, eu aviso que este humilde autor rabiscando aqui no blog nao conta como imprensa especializada - decidi guardar a informação no cérebro e voltar à ela numa outra hora.
Sem nunca mais ter lido nada sobre Devendra, comecei a ouvir o álbum "Rejoincing in the Hands". Ouvi uma vez. Ok. Ouvi mais uma vez. Muito ok. Quando percebi já estava quase hipnotizado com o estilo violão+voz muito singelos e ao mesmo tempo muito rebuscados. Folk, pop, blues, chamem o que quiser, mas a música do cara é poderosa. Não me peçam para recomendar uma música. Simplesmente ouçam o álbum completo.

segunda-feira, março 14

Incertezas

Não sei do que falam à minha volta. Falam línguas que não entendo, Não sei do que são feitos os objetos que me rodeiam. São feitos de materiais que não conheço. Não sei se o que digo é importante para alguém. Às vezes digo coisas que parecem não interessar a ninguém. SInceramente não sei. E não me interessa.

domingo, março 13

Citações

Joe Cabot: And you are Mr. Pink.
Mr. Pink: Why am I Mr. Pink?
Joe Cabot: Cause you're a faggot, ok?


Mr. Pink: How about I be Mr. Purple?
Joe Cabot: No, you can't be Mr. Purple.
Mr. Pink: Why not?
Joe Cabot: Someone on another job is Mr. Purple!
Mr. White: Who cares what your name is?
Mr. Pink: Oh yeah, that's easy for you to say you've got a cool sounding name. How about we trade, OK? You're Mr. Pink.

sexta-feira, março 11

Mudanças

Ontem fez 50 anos da morte do saxofonista Charlie Parker, também conhecido como "The Bird" pela sua paixão pelos pássaros. Gênio reconhecido por quase todos os músicos contemporâneos, Parker era uma daquelas mentes doentemente iluminadas, no bom sentido, que vieram a este mundo para revolucionar, para atravessar fronteiras. Ele foi um dos inventores do bebop - estilo que quase "dá voz" ao instrumento e que inovou a maneira de tocar jazz daquela época. Contou com a ajuda de Dizzy Gillespie, outro gênio do jazz, para popularizar o bebop. Uma vez, Miles Davis foi questionado sobre a história do jazz e ele respondeu que poderia ser resumida em apenas quatro palavras: "Charlie Parker, Dizzy Gillespie".
Tudo isso para dizer que às vezes sentimos que algo está surgindo dentro de nós, mas não sabemos o que é. Uma vontade de criar, inovar, mudar, mas à primeira vista parece impossível. Aconteceu na ciência, na música, na literatura e continua acontecendo. Antes de criar o novo estilo, Charlie Parker dizia: "Me vi pensando que existe uma fronteira que leva a algo diferente. Às vezes posso ouvi-la, mas não tocá-la". Mais do que perceber a mudança, é importante reconhecer a existência dessa fronteira.
Parker viveu intensamente essas mudanças. Se Juscelino queria um governo de 100 anos em cinco, o saxofonista, que morreu aos 34 anos, também seguiu esta máxima. De acordo com a lenda, o médico que o atendeu antes de morrer, dizia estar perante um sexagenário. Viver intensamente tem seu preço.

quinta-feira, março 10

Textos perdidos e afins

Durante este tarde escrevi aqui um texto meia-boca sobre a MTV americana e a censura, mas as maravilhas da Internet, somadas à minha burrice cavalar(humm..essa expressão merece um post), fizeram com que o texto fosse parar no buraco negro do cyberespaço. Sei muito bem que deveria escrever antes um rascunho no wordpad ou no word, mas eu quis fazer as coisas de forma mais rápida e, de repente, não mais que de repente, num simples clic, minhas sábias palavras (sábias?lol) desaparecessem num passe de mágica. Por isso, o texto sobre a MTV e a censura fica para outro dia inspirado e agora vou apenas chorar as mágoas por ter depositado o texto nesse lugar misterioso para onde todos os documentos informáticos desaparecidos vão.
Acho que o próximo Bill Gates vai ser aquele que descobrir esse buraco negro informático. Frases enigmáticas como estas poderiam ter fim:
-"Cadê meu texto? Que tecla você apertou,cara?", ou
-"Vou reiniciar para ver se consigo recuperar o documento, tomara que dê certo!", ou ainda
-"Eu pensei que tinha salvado o texto nessa pasta, não tá aí?", ou a versão utilizada apenas em famílias mais educadas:
-"Não acredito que a m**** da monografia do c****** sumiu! Essa m**** de computador filho da p*** mandou o meu trabalho de 12 meses pra p*** que o p****!! Vou enfiar esse computador no c* do filho da p*** do professor!!"

Acredito que existe um lugar virtual onde, um dia, poderemos encontrar todos esses documentos, numa espécie de "purgatório informático", onde monografias, apresentações em powerpoint, textos do Prosaico 20mg, resumos, planilhas e folhas de cálculo repousam calmamente esperando para retornarem em forma de arquivos danificados ou para serem formatados para a eternidade. O descobridor desse local de repouso será o novo Messias. Longa vida ao futuro Messias.

quarta-feira, março 9

Lembranças

Deu uma última olhada na cozinha, onde os pratos já não estavam e os talheres já não faziam barulho. Tudo pareceu calmo e triste, mas com um silêncio assustador. Já tinha empacotado tudo e só carregava no braço esquerdo, dolorido pelas mudanças, um paletó amassado. A sua mão ficou paralisada no interruptor como num choque inerte. Apesar da pressa de sair, não queria apagar a luz porque apagar as luzes era desistir. Desistir do sonho e de tudo o que vivera até ali.
Sem perceber, saiu do estado de letargia e apertou o botão. Com as luzes apagadas, tudo voltou a ter sentido. Crianças brincando, vozes múltiplas, e um cheiro doce de bolo de fubá tomaram conta do ambiente. No entanto, abriu os olhos que até então não percebeu que fechara. Tudo se mantinha exatamente igual. Na cozinha vazia e silenciosa e na sua cabeça, cheia de lembranças doloridas como o seu braço e doces como o bolo de fubá.

Liberdades

Outro dia ouvi o Nelson Mota falando que passou praticamente toda a sua juventude sob o regime militar brasileiro. Parei para pensar na ideia de que toda a geração dos meus pais, que hoje tem entre 50 e 60 anos, viveu o auge da criatividade, da rebeldia, da vontade de mudar e de criar num regime de opressão. Dos 20 aos 40 anos, eles foram influenciados - alguns mais, outros menos - por uma maneira de pensar, agir e viver que não é a que temos hoje em dia, graças a Deus. É claro que atualmente temos problemas diferentes, mas é interessante analisar tanta coisa que essa geração fez por nós, e por eles próprios. Ortega y Gasset disse a famosa frase "eu sou eu mais as minhas circunstâncias" e isso me deixa pensando no que a minha geração, que cresce e vive na democracia, está fazendo. Não sei se vai ser pior ou melhor, mas com certeza vai ser diferente.

segunda-feira, março 7

Livros

Os livros para mim são algo mais do que um amontoado de folhas do mesmo tamanho com letras impressas dos dois lados. Gosto da capa. Do cheiro. Da grossura do papel. Da maneira como os capítulos estão divididos. E não só. Adoro marcadores de livros de todos os tipos, tamanhos e feitios. Chego ao ponto de escolher os marcadores de acordo com o tamanho do livro que estou lendo, tal é a quantidade de marcadores que tenho à mão. Mas ao mesmo tempo, não gosto de rabiscar, sublinhar ou marcar um livro. Não tenho nada contra quem o faça, mas a única marca que gosto de deixar num livro é a das páginas reviradas - mas não destruídas - pela leitura.
Outro dia vi o primeiro volume da biografia do Bob Dylan na livraria. O livro, além de ter um conteúdo fantástico, é maravilhoso. Capa dura e esbranquiçada, com uma cobertura de papel a preto e branco e as folhas cortadas irregularmente. Uma obra de arte.
Na verdade, acho que ninguém deve comprar um livro SÓ pela capa, assim como não devem comer num restaurante só pela foto da comida. Começamos a ler pela capa, começamos a comer com os olhos. Terminamos extasiados com um livro bem escrito, terminamos extasiados com um sushi bem preparado.
PS: Ok, o exemplo do sushi não é para todos, eu sei, mas fazer o que?

Inutilidades

Numa conversa com a Frasca, surgiu o pertinente assunto da quantidade de informações inúteis que temos guardadas na cabeça, enquanto outras, com uma suposta importância, ficam na superfície do cérebro, prontas para caírem de vez. Eu, por exemplo, muitas vezes não me lembro do nome de um entrevistado de quinze dias atrás, mas lembro do telefone do Bozo, do CIC do meu pai, do número de inscrição na Fuvest, ou do código bancário daquela conta que já foi fechada há mais de dez anos. E eu pergunto: pra quê? Segundo a teoria de Fernanda Frasca, Inc., um dia essas informações "inúteis" serão de vital importância para a nossa sobrevivência, talvez até questão de vida e de morte para a humanidade. Eu concordo. Acho que se, um dia, o mundo estiver acabando e os ET's descerem à Terra com sua nave espacial para buscar os escolhidos, o diálogo vai ser algo mais ou menos assim:
ET - "iuwibfifjighsidfhdio!"*
(*Qual é a senha humanóide babaca?)
Celinho - (exitante) "236 0873"
ET - "ndjifndsifhieuqwehr, ihuiwehqeih!"*
(*Beleza, pode entrar, vai pro fundão da nave que tem lugar!)

Tenho certeza que, um dia, saber o telefone do Bozo, vai salvar a minha vida e, melhor ainda, permitir ir no fundão da nave espacial. Não posso querer melhor do que isso.

domingo, março 6

Coltrane

Sou um amante do jazz, mas tenho que confessar que John Coltrane não foi a primeira coisa que ouvi para me apaixonar pelo estilo. Sempre fui fã do bebop e nem tanto do free jazz, apesar de reconhecer que há nomes incontornáveis do gênero, como Miles Davis, talvez o mais falado de todos. Mas o meu primeiro contato com Coltrane foi no carro. Estava ouvindo rádio, um programa de jazz que não me lembro o nome e anunciaram o nome do mestre antes dos primeiros acordes. De repente, o clima de jazz começa, bateria de mansinho, piano na ponta dos pés, baixo chegando por trás das cortinas e nada de Coltrane. Mas quando menos esperava, ouço alguém tocando sax no banco de trás do meu carro. Ou será que estava do meu lado? Não podia ser, afinal o carro estava quase cheio com a minha família, não cabia mais ninguém, muito menos com um saxofone. Era John Coltrane tocando do fundo da alma pelas ondas da rádio. Nunca mais ignorei o mestre. Acho que todos devem ouvi-lo pelo menos uma vez na vida. E se querem ter uma experiência transcendente, ouçam, por exemplo, "Blues to Elvin". Mas para essa experiência, tentem seguir um ritual. Sentem-se em frente ao aparelho de som, sem pensar em mais nada e entrem na música desde o primeiro som. Fiquem atentos à entrada do Coltrane, mas sem esquecer do ambiente que está sendo criado. Som bem alto. Ele está quase chegando. Pronto. Já tem o melhor saxofonista de todos os tempos dentro da sua casa. É fácil. E viciante. Eu recomendo.

Sobre Maya Angelou

No meu post anterior, toquei no nome de Maya Angelou e não expliquei quem é ela. Ela nasceu em 1928, nos EUA, e teve uma infância e adolescencia conturbadas. Foi violentada pelo namorado da mãe aos 7 anos, mãe solteira aos 17 e foi a primeira motorista de ônibus negra de São Francisco, Califórnia. Seu nome original foi Marguerite Johnson até os anos 50, quando adotou o pseudônimo de Maya Angelou. Começou a escrever suas próprias peças de teatro e poesias, chegando a ser indicada para o prêmio Pulitzer nos anos 60. É autora de uma série de livros e obras sobre a história da escravidão na América do Norte. Hoje, Maya mora na Carolina do Norte, onde dá aulas na universidade e quando quer escrever, sai de casa e aluga um quarto num hotel, onde diz ter o isolamento necessário para se sentir inspirada.

sábado, março 5

Do mestre Ben Harper (com letra de Maya Angelou)

I'll rise

You may write me down in history
With your bitter twisted lies
You may trod me down in the very dirt
And still like the dust
I'll rise
Does my happiness upset you
Why are you best with gloom
Cause I laugh like I've got an oil well
Pumpin' in my living room
So you may shoot me with your words
You may cut me with your eyes
And I'll rise
I'll rise
I'll rise
Out of the shacks of history's shame
Up from a past rooted in pain
I'll rise
I'll rise
I'll rise
Now did you want to see me broken
Bowed head and lowered eyes
Shoulders fallen down like tear drops
Weakened by my soulful cries
Does my confidence upset you
Don't you take it awful hard
Cause I walk like I've got a diamond mine
Breakin up in my front yard
So you may shoot me with your words
You may cut me with your eyes
And I'll rise
I'll rise
I'll rise
Out of the shacks of history's shame
Up from a past rooted in pain
I'll rise
I'll rise
I'll rise
So you may write me down in history
With your bitter twisted lies
You may trod me down in the very dirt
And still like the dust
I'll rise
Does my happiness upset you
Why are you best with gloom
Cause I laugh like I've got a goldmine
Diggin' up in my living room
Now you may shoot me with your words
You may cut me with your eyes
And I'll rise
I'll rise
I'll rise
Out of the shacks of history's shame
Up from a past rooted in pain
I'll rise
I'll rise
I'll rise

Texto mais importante do blog

Prometi a mim mesmo que não iria escrever um post com o título "teste", como muita gente faz, porque diminui logo de cara a importância de um primeiro texto, por isso resolvi ser pretensioso e colocar outro título, mesmo sendo completamente falso. Esse texto não é nada senão um simples teste. Se não é para o blog, é um teste para a paciência de quem já está lendo estas linhas. Já é a terceira vez que tento começar um blog, mas sempre desisto por falta de ideias, de criatividade ou por excesso de vergonha na cara. Mas como o último item está resolvido resolvi iniciar o Prosaico 20 mg. Acho que já ocupei uns três ou quatro outros domínios do blogger sem motivo..
Bom, mas dessa vez, acho que vai.

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