Rock in Rio.. Madrid!
Quando ouviram pela primeira vez que o festival organizado por Roberto Medina seria realizado pela primeira vez fora do territorio brasileiro, muitos portugueses me perguntavam qual era a logica do festival manter a denominação Rock in Rio. De acordo com o pensamento dos amigos lusitanos o correto seria chamá-lo de Rock in Lisboa ou coisa parecida. No entanto, o conceito idealizado por Medina era ultrapassar fronteiras e o proprio afirmava que o objetivo principal era "globalizar o festival". Por isso não fiquei surpreendido ao saber que em 2008 o Rock in Rio vai se realizar em Madri, juntamente com a edição portuguesa.
Resta saber se a divisão provocará estragos na organização e no cartaz da edição portuguesa. Nas palavras de Medina vai ocorrer precisamente o contrário. O empresário quer potencializar a realização de um grande festival como se fossem duas datas em cidades relativamente proximas. Alias não serão apenas duas datas, ja que as previsões são para 30 e 31 de Maio, 6, 7 e 8 de Junho em Lisboa e 27 e 28 de Junho, 4, 5 e 6 de Julho em Madri.
Com a bandeira do "Por um Mundo Melhor", o Rock in Rio ultrapassou fonteiras mas o ritual de passagem so ocorreu na terceira edição brasileira. A maioria das pessoas que nasceram no final da década de 70 se lembra do primeiro Rock in Rio, nem que seja vagamente. Nomes como Queen, Rod Stewart, James Taylor, Ozzy Osbourne, B52's e AC/DC dividiram o palco com Ney Matogrosso, Kid Abelha, Paralamas, Gilberto Gil, Rita Lee, Alceu Valença, Elba Ramalho e Blitz, entre outros. Mais do que um festival de rock ou algo para o mundo melhor, era o rock que fazia um Brasil melhor, mais conhecido, mais globalizado, onde as estrelas passavam e, quem sabe, até ensaiavam algumas palavras na lingua de Camões. Era fantástico.
Não encontro outra explicação, num show de AC/DC, Scorpions, Baby Consuelo e Pepeu Gomes, Ozzy, Whitesnake estarem 250 mil pessoas, situação praticamente impossivel de ser reproduzida nos dias de hoje.
Mas o que destaco como fundamental é a intersecção de artistas, que tocavam em diversos dias em combinações inusitadas, como por exemplo Moraes Moreira, que tocou num dia com Ozzy, no outro com George Benson, ou Erasmo Carlos, que tocou no mesmo dia que Iron Maiden e também em outro com Yes e Nina Hagen. Tudo era possivel em nome da musica. O mundo melhor era uma opção, mas não uma obrigação.
Depois da destruição da cidade do rock montada por Medina em Jacarepagua, ordenada por Leonel Brizola, a repetição do festival so foi possivel em 1991 no estadio do Maracanã, com um conceito "vamos voltar a ganhar dinheiro com a marca Rock in Rio e trazer nomes consagrados para agradar a gregos e troianos". Mas dessa vez a opção foi dividir o publico. Alguns exemplos:
Primeiro dia: Guns n' Roses, Billy Idol, Faith no More, Titãs e Hanoi Hanoi.
Segundo dia: New Kids on the Block, Run DMC, Roupa Nova e Inimigos do Rei
Ultimo dia: George Michael, Lisa Stansfield, Dee-Lite, Moraes e Pepeu e Leo Jaime
A terceira edição trouxe o mercantilismo puro e alguma pseudo preocupação social. A cidade do rock tinha lojas, espaços vendidos a preço de ouro, transmissão milionaria e pouca atenção ao que o publico queria - alguns queriam rock, enquanto a organização queria musica, desde que fosse no Rio. A edição de 2001 foi o ano do playback de Britney Spears e N'Sync.
A chegada do Rock in Rio a Portugal trouxe muita inovação - para o bem e para o mal - no mundo dos festivais de musica daquele pais. A tradição portuguesa era a de festivais de verão onde o ambiente e a natureza estão de mãos dadas. Acampar, pé no chão e liberdade eram as palavras-chave, mesmo com algum comprometimento do conforto. Havia um grande patrocinador e outros menores que participavam com merchandising e presença no festival mas a coisa ficava por ai.
O Rock in Rio Lisboa trouxe o shopping center para os festivais portugueses. As pessoas passaram a ir ao Rock in Rio Lisboa para fazer rapel, para jantar, para encontrar com amigos, para apoiar um mundo melhor e, também, para ver um show que, com alguma sorte, poderia ser de rock. Condições exemplares de organização e estruturas provocaram uma revolução em outros festivais portugueses.
A segunda edição, em 2006, foi a mais fraca em relação a todos os Rock in Rio, com a aposta em nomes consagrados e poucas novidades. Assista aqui um trecho da apresentação muito decadente de um Axl Rose obeso e botoxado, muito longe dos tempos aureos do Guns'Roses. O anuncio do RR Madrid so pode significar a expansão definitiva e a consagração ou, por outro lado, a queda no saco sem fundo de festivais apagados, mesmo que tenham algum nome no mundo do espetaculo.
PS: Podem acompanhar aqui a apresentação da cidade do Rock espanhola e observar que a organização não chamou artistas espanhois para cantar o jingle do festival, preferindo que fosse cantado em portunhol elaborado.
PS2: Para quem quiser arrepiar e relembrar um dos momentos magicos do maestro Freddie Mercury no Rock in Rio.
Resta saber se a divisão provocará estragos na organização e no cartaz da edição portuguesa. Nas palavras de Medina vai ocorrer precisamente o contrário. O empresário quer potencializar a realização de um grande festival como se fossem duas datas em cidades relativamente proximas. Alias não serão apenas duas datas, ja que as previsões são para 30 e 31 de Maio, 6, 7 e 8 de Junho em Lisboa e 27 e 28 de Junho, 4, 5 e 6 de Julho em Madri.
Com a bandeira do "Por um Mundo Melhor", o Rock in Rio ultrapassou fonteiras mas o ritual de passagem so ocorreu na terceira edição brasileira. A maioria das pessoas que nasceram no final da década de 70 se lembra do primeiro Rock in Rio, nem que seja vagamente. Nomes como Queen, Rod Stewart, James Taylor, Ozzy Osbourne, B52's e AC/DC dividiram o palco com Ney Matogrosso, Kid Abelha, Paralamas, Gilberto Gil, Rita Lee, Alceu Valença, Elba Ramalho e Blitz, entre outros. Mais do que um festival de rock ou algo para o mundo melhor, era o rock que fazia um Brasil melhor, mais conhecido, mais globalizado, onde as estrelas passavam e, quem sabe, até ensaiavam algumas palavras na lingua de Camões. Era fantástico.
Não encontro outra explicação, num show de AC/DC, Scorpions, Baby Consuelo e Pepeu Gomes, Ozzy, Whitesnake estarem 250 mil pessoas, situação praticamente impossivel de ser reproduzida nos dias de hoje.
Mas o que destaco como fundamental é a intersecção de artistas, que tocavam em diversos dias em combinações inusitadas, como por exemplo Moraes Moreira, que tocou num dia com Ozzy, no outro com George Benson, ou Erasmo Carlos, que tocou no mesmo dia que Iron Maiden e também em outro com Yes e Nina Hagen. Tudo era possivel em nome da musica. O mundo melhor era uma opção, mas não uma obrigação.
Depois da destruição da cidade do rock montada por Medina em Jacarepagua, ordenada por Leonel Brizola, a repetição do festival so foi possivel em 1991 no estadio do Maracanã, com um conceito "vamos voltar a ganhar dinheiro com a marca Rock in Rio e trazer nomes consagrados para agradar a gregos e troianos". Mas dessa vez a opção foi dividir o publico. Alguns exemplos:
Primeiro dia: Guns n' Roses, Billy Idol, Faith no More, Titãs e Hanoi Hanoi.
Segundo dia: New Kids on the Block, Run DMC, Roupa Nova e Inimigos do Rei
Ultimo dia: George Michael, Lisa Stansfield, Dee-Lite, Moraes e Pepeu e Leo Jaime
A terceira edição trouxe o mercantilismo puro e alguma pseudo preocupação social. A cidade do rock tinha lojas, espaços vendidos a preço de ouro, transmissão milionaria e pouca atenção ao que o publico queria - alguns queriam rock, enquanto a organização queria musica, desde que fosse no Rio. A edição de 2001 foi o ano do playback de Britney Spears e N'Sync.
A chegada do Rock in Rio a Portugal trouxe muita inovação - para o bem e para o mal - no mundo dos festivais de musica daquele pais. A tradição portuguesa era a de festivais de verão onde o ambiente e a natureza estão de mãos dadas. Acampar, pé no chão e liberdade eram as palavras-chave, mesmo com algum comprometimento do conforto. Havia um grande patrocinador e outros menores que participavam com merchandising e presença no festival mas a coisa ficava por ai.
O Rock in Rio Lisboa trouxe o shopping center para os festivais portugueses. As pessoas passaram a ir ao Rock in Rio Lisboa para fazer rapel, para jantar, para encontrar com amigos, para apoiar um mundo melhor e, também, para ver um show que, com alguma sorte, poderia ser de rock. Condições exemplares de organização e estruturas provocaram uma revolução em outros festivais portugueses.
A segunda edição, em 2006, foi a mais fraca em relação a todos os Rock in Rio, com a aposta em nomes consagrados e poucas novidades. Assista aqui um trecho da apresentação muito decadente de um Axl Rose obeso e botoxado, muito longe dos tempos aureos do Guns'Roses. O anuncio do RR Madrid so pode significar a expansão definitiva e a consagração ou, por outro lado, a queda no saco sem fundo de festivais apagados, mesmo que tenham algum nome no mundo do espetaculo.
PS: Podem acompanhar aqui a apresentação da cidade do Rock espanhola e observar que a organização não chamou artistas espanhois para cantar o jingle do festival, preferindo que fosse cantado em portunhol elaborado.
PS2: Para quem quiser arrepiar e relembrar um dos momentos magicos do maestro Freddie Mercury no Rock in Rio.
Marcadores: lisboa, madrid, rock in rio
Postar um comentário