« Home | Rock in Rio Lisboa - parte I » | Comemorar » | Blergh » | Às vezes dá vontade de fazer o mesmo » | Novidades » | Sorte » | Sonho meu » | Novo blog » | Erramos » | De volta »

Rock in Rio Lisboa - parte II

A tarde de calor segurava os mais fracos debaixo da sombra. No palco, os mais corajosos aguardavam o primeiro show do dia com a força que só os fãs têm. A estreia de Pitty em Portugal era no mesmo dia dos portugueses Xutos e Pontapés, de Darkness e do Guns n’ Roses. Uma tarefa árdua que só era superada pela paciência de aguardar pelo show das 19 horas debaixo de um sol de 35 graus num recinto que vendia água a 1 euro e cerveja de 250 ml a 2,5 euros.
Mas como o sol não dura a tarde toda e o tempo acaba passando, Pitty entrou em palco pontualmente para centenas de brasileiros e milhares de portugueses que, alheios ao estilo de música da baiana, quase que pagavam pra ver o que apareceria ali. Cumprimentos a todos, bandeiras brasileiras no ar, Pitty apareceu com camisa de renda, short de jeans, meia liga preta e botas. Com um look que a imprensa portuguesa colocou num misto de Avril Lavigne com L7 (lembram-se delas?), Pitty mostrou competência e conquistou uma nova legião de fãs portugueses pela simpatia, pelo peso da música sem ter uma atitude poser e pela eficiência da sua banda – principalmente um baixista mais do que talentoso. O sol refrescava mas o calor continuava. Fim do show, palmas, até a próxima. Era a hora de dar uma volta. No recinto do Rock in Rio Lisboa as tribos estavam misturadas: rockeiros decadentes com camiseta do Guns, pais de família, nostálgicos dos hits dos anos 90, patricinhas, jovens marinheiros de primeiro festival, entre outros rotulados.
No Rock in Rio, estamos no shopping center dos festivais de rock. Quer fazer esportes radicais? Lá tem. Quer descansar num sofá inflável? Lá tem. Quer pagar as contas no banco? La tem. Quer comer pizza? Sushi? Frango Assado? Ler o jornal? Comprar Havaianas? Tudo é possível na cidade do rock, não seria Roberto Medina pai pela milésima vez de mais um Rock in Rio. E pouco importa se ele é em Lisboa, Roma, Madri ou Rio de Janeiro, Roberto Medina já disse que o seu sonho é realizar um mega show em simultâneo por um mundo melhor, em diversas partes do mundo. Não vai ser o primeiro, depois do Live 8, mas não duvido da sua capacidade.A receita é mascarar o peso do capitalismo selvagem dos patrocinadores que se acotovelam por um espaço dentro do recinto com a imagem politicamente correta do “por um mundo melhor”. Não duvido que é o que todos desejam, mas a mensagem social, a mensagem capitalista, a mensagem musical, a mensagem de marketing misturam-se de tal forma que não existe um protagonismo de nenhuma delas. É verdade quese trata de um show de rock, mas cada vez menos as pessoas vão ao Rock in Rio só por causa da música, ao contrário dos outros festivais. Vão porque é chic, vão porque é moda, vão porque querem ver como é, vão porque conhecem uma música do Red Hot. E tudo bem, porque pouco importa a sua tribo, que importa é estar lá, ou ter estado, como dizem as camisetas do Festival “Eu Vou” e “Eu fui”.

Continua...

www.flickr.com
This is a Flickr badge showing public photos from Prosaico 20mg. Make your own badge here.
RSS
Add to Technorati Favorites