Saindo de cena
Gavetas vazias. Ao seu redor, caixas com objetos inúteis, outrora cheios de significado. Seria a vida uma mera mudança de utilidade das coisas? O que antes era fundamental passa a ser acessório? Sentia-se cinzento por dentro e, no entanto, por fora as cores eram indiferentes porque nunca demonstrariam o que realmente estava sentindo. Revolta? Não. Apenas a vontade de sair daquela repartição pública onde seus planos nasceram e morreram.
Nunca se perguntara se os sonhos, assim como nós, têm um ciclo de vida. Mas agora, ao olhar para uma vida de trabalho dentro de quatro caixas de papelão, todas as questões pareciam possíveis. Um lápis sem ponta, um pacote de chicletes e uma foto 3x4. As três coisas repousavam inválidas no topo da caixa mais cheia e isso prendeu a sua atenção por breves instantes. Um lápis sem nenhuma função, chicletes fora do prazo de validade, e uma foto engavetada pelos 30 anos de serviço público, juntamente com a sua personalidade. Certas coisas não cabem em caixas de papelão, mas carregamos a vida toda.
Mto bom, Dr. Celinho
Posted by Anônimo | 7:17 PM
Tb achei muito bom!
Posted by Anônimo | 12:47 AM