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Prosaico das Cavernas

Quando o Homem das Cavernas pintou um cavalo na parede para registrar a sua caçada ou aventura, começou, sem muitas pretensões, a registrar algo para mostrar para outras pessoas, ou até mesmo para si próprio. Mas mais do que um registro pelo ato de escrever, ele obrigou os seus amigos a imaginarem a cena do cavalo. Na parede da caverna não havia nada além de um mero círculo com quatro patas. A cor, o tamanho, o ambiente, tudo isso - que também fazia parte do desenho - ficava sob responsabilidade de quem observava. Liberdade total. E é aí que começa a graça de tudo isso. Cada um imaginava o cavalo do jeito que mais era conveniente. Uns nunca tinham visto um cavalo preto, outros não imaginavam um cavalo muito grande, outras pensavam num cenário pitoresco. Não importa. O espaço para a imaginação estava aberto.
Milhares de anos depois, e numa época em que temos quase todos os materiais disponíveis para fazer o tal desenho do cavalo, gosto de imaginar o caminho inverso. Ter apenas esta folha em branco, juntar meia dúzia de letras formando frases e fazer com que as pessoas imaginem o cavalo, sintam a textura do pelo, ouçam a sua respiração e, de alguma forma, vivam a aventura na qual o cavalo é um dos protagonistas. Acho que é esse o desafio principal de quem escreve. Sei que também é o objetivo de muitas outras artes, além da literatura: expandir significados. Alargar horizontes. Interpretar.
Apesar de haver quem defenda que os cavalos estão aí para serem vistos in loco por todos, às vezes sentimos a necessidade de acreditar, ou duvidar, de uma visão alheia dos mesmos cavalos. E tirar as nossas próprias conclusões. Tire as suas.

Deve ser por isso que a literatura me fascina mais do que as artes plasticas ou até o teatro; apesar de apreciar um cavalo bem pintado, bem encenado ou bem esculpido, gosto de poder imaginar o meu...

Eu vi um cavalinho amarelho, de madeira e de balanço. O cavalinho que massacrava os dedos dos meus pés quando eu era criança. O cavalinho que eu amava. E vc me fez vê-lo hoje. Eu, que havia me esquecido dele.
Obrigada por isso.
Carinho

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