O Seu Samba
Abram alas que Seu Jorge quer passar. Cantor, ator e compositor, ele já fez um pouco de tudo, experimentou um pouco de tudo, antes e depois da vida artística tomar conta do seu mundo. Foi borracheiro, relojoeiro e marceneiro enquanto a música passava ao seu lado pelas mãos do seu pai. O samba estava ao alcance das mãos. Mas era ainda inatingível para o adolescente da Baixada Fluminense. Depois de ter perdido um irmão numa chacina, Seu Jorge deixou a vida cair aos seus pés. Vícios e virtudes estiveram na balança, com a vitória da segunda depois que formou em 1997 a Farofa Carioca. O resto todos conhecem. Samba Esporte Fino, Cidade de Deus, Life Acquatic with Steve Zissou, e agora, Cru.
O álbum abre com "Tive Razão", em que o próprio Seu Jorge assume falar de amor, mais concretamente de uma relação terminada. A música está no ar. Segue a "Mania de Peitão" Seu Jorge lembra os tempos da naturalidade da Amélia e a cuíca pede respeito. "Chatterton" sussura suicidas e loucos com um olho em Serge Gainsbourg. "Fiore de la città" é mais um empréstimo da língua italiana, mas dessa vez o original é de Robertinho Brant, filho de Fernando Brant. Em "Bem Querer", Seu Jorge mistura o samba com batidas diferentes, mas a base está lá. A seguir, mais um empréstimo, ou uma troca, dependendo do ponto de vista: "Don't" devolve a negritude a Elvis, ou traz o rock n' roll ao samba de Seu Jorge.
A minha música preferida é São Gonça que, com uma simplicidade surpreendente, grita, se desculpa e explica. Merece ser ouvida bem alta. "Bola de Meia" volta a conversar, e Seu Jorge aparece grave, sincero, e ainda mais explicativo: "Se realmente quer ficar comigo/não faz bola de meia com meu coração".
"Una mujer" é mais uma autoria de Robertinho Brant que Seu Jorge faz questão de homenagear as mulheres da sua vida, principalmente as suas duas filhas. Para terminar e como não poderia deixar de ser, Seu Jorge vem acompanhado de pandeiro e cuíca para explicar que a favela é um problema social. E ele sabe do que fala. "Não entendo de política, mas entendo de igualdade social, porque só sofri desigualdade. Todo o trabalho que um dia eu poderia ter feito para alguém, fiz em mim mesmo para eu não virar um problema social", sublinhou.
Com voz de mestre, humildade de aprendiz e talento de príncipe, Seu Jorge quer tentar de tudo, mas não quer ser congelado como promessa. O samba já trouxe muitas alegrias para o Brasil e Seu Jorge não quer ser exceção. Desde que o samba é samba é assim.
Texto escrito a partir de entrevista publicada no caderno Y, 01/07/05
O álbum abre com "Tive Razão", em que o próprio Seu Jorge assume falar de amor, mais concretamente de uma relação terminada. A música está no ar. Segue a "Mania de Peitão" Seu Jorge lembra os tempos da naturalidade da Amélia e a cuíca pede respeito. "Chatterton" sussura suicidas e loucos com um olho em Serge Gainsbourg. "Fiore de la città" é mais um empréstimo da língua italiana, mas dessa vez o original é de Robertinho Brant, filho de Fernando Brant. Em "Bem Querer", Seu Jorge mistura o samba com batidas diferentes, mas a base está lá. A seguir, mais um empréstimo, ou uma troca, dependendo do ponto de vista: "Don't" devolve a negritude a Elvis, ou traz o rock n' roll ao samba de Seu Jorge.
A minha música preferida é São Gonça que, com uma simplicidade surpreendente, grita, se desculpa e explica. Merece ser ouvida bem alta. "Bola de Meia" volta a conversar, e Seu Jorge aparece grave, sincero, e ainda mais explicativo: "Se realmente quer ficar comigo/não faz bola de meia com meu coração".
"Una mujer" é mais uma autoria de Robertinho Brant que Seu Jorge faz questão de homenagear as mulheres da sua vida, principalmente as suas duas filhas. Para terminar e como não poderia deixar de ser, Seu Jorge vem acompanhado de pandeiro e cuíca para explicar que a favela é um problema social. E ele sabe do que fala. "Não entendo de política, mas entendo de igualdade social, porque só sofri desigualdade. Todo o trabalho que um dia eu poderia ter feito para alguém, fiz em mim mesmo para eu não virar um problema social", sublinhou.
Com voz de mestre, humildade de aprendiz e talento de príncipe, Seu Jorge quer tentar de tudo, mas não quer ser congelado como promessa. O samba já trouxe muitas alegrias para o Brasil e Seu Jorge não quer ser exceção. Desde que o samba é samba é assim.
Texto escrito a partir de entrevista publicada no caderno Y, 01/07/05
Isso tudo e muito mais. Pra mim, seu Jorge é um dos artistas brasileiros que merecem a consagração que andam tendo por aqui, nessa Année du Brésil que trouxe do melhor e do mais ou menos...
Posted by Anônimo | 10:34 AM