453 anos, parabéns São Paulo!
Procurando base de pesquisa para um texto em homenagem aos 453 anos da cidade de São Paulo, encontrei muitas coisas. Muitos clichês, textos desatualizados e fotos de arquivo. Nenhum artigo sobre a minha cidade é, ou um dia vai ser, definitivo. Letras de canções exaltando a beleza e a feiura de São Paulo existem aos montes. Nos 450 anos, data especial, espécie de jubileu onde todos se lembraram de tirar uma casquinha da capital paulistana, diversos livros foram editados, com fotos magnificas e textos ainda melhores. Ponto positivo para as datas comemorativas onde os elogios rasgados servem de mote para que boas lembranças sejam desenterradas do fundo do bau.
Ja li que ser paulistano é vantagem apenas para paulistanos. No resto do pais é handicap. Não ouso começar uma discussão sobre o que é ser paulistano. Teria milhares de respostas e nenhuma definitiva, ja que o caldeirão onde se fundou São Paulo é o seu principal triunfo e o seu principal sumidouro.
Cada região de Sampa - sou de casa, posso ter intimidades - tem o seu fervor, a sua identidade, o que os americanos chamaram de melting pot e na capital paulista pode ser chamada de riqueza cultural. Japoneses, italianos, portugueses, judeus, libaneses, turcos, alemães, gregos, espanhois, franceses, e todas as religiões ganharam a sua vida no ritmo de um relogio que passou a trabalhar cada vez mais rapido, numa sociedade que cresceu sem medo e sem medida.
Hoje, a cidade, cheia de defeitos, resultado de uma ausência de senso de urbanismo que envergonharia o antigo prefeito Prestes Maia, tem muitos reflexos. Alguns sombrios e outros mais luminosos que fazem com que, ao mesmo tempo, critiquemos e que nos arrepiemos com certos simbolos que são so de São Paulo - para a nossa sorte e para o nosso azar.
"No relogio da Paulista/quatro horas da manhã/Ta chegando no Ceasa/outra caixa de maçã/Ta chovendo pra chuchu/la no Anhangabau/As pessoas vão correndo em vão/pra avenida São João/No relógio da Paulista/Cinco horas da manhã/Tá chegando no Ceasa/Outra caixa de maçã/A aurora já raiou/Me intrometo no metrô/Na ladeira da Consolação/Sobe e desce condução/Meu amor, meu coração/Araçá, que horas sãoNo relogio da Paulista/São seis horas da manhã/Ta chegando no Ceasa outra caixa de maçã"
Essa musica, de Passoca e Guca Domenico, é uma pequeno extrato da vida paulistana, que também é a São Paulo dos Racionais, de Rita Lee, do Ira!, e de muitos outros compositores que, de diversas partes do Brasil, descobriram na cidade um mote e um tema para amar e odiar. Mas o mais singelo de todos talvez seja João Rubinato, também conhecido entre nos pelo pseudônimo de Adoniran Barbosa. Em homenagem aos 453 anos de Sampa, transcrevo uma historia que ocorreu com Adoniran quando trabalhava na Radio Record ha quase 30 anos e resolveu pedir aumento para o seu chefe:
Chefe: É verdade, você tem que ser aumentado pois ganha muito pouco. Vou lhe aumentar (Era uma quinta-feira). Vou estudar o seu caso. Volte na segunda-feira que lhe darei uma solução.
Na segunda-feira seguinte, lá estava Adoniran.
Chefe: Não esqueci. Estou estudando o caso. Volte na sexta-feira.
Adoniran voltou ao chefe na sexta-feira combinada.
Chefe: Não esqueci não. É que andei muito ocupado, não tive tempo, mas estou estudando o seu caso. Fique tranqüilo. Vou lhe dar aumento. Estou estudando... Volte na semana que vem.
E na semana seguinte:
Chefe: Não pude fazer nada ainda. Mas pode deixar que estou estudando seu caso. Volte na segunda-feira que vem.
Adoniran voltou na segunda-feira:
Chefe: Estou estudando. Volte na quarta-feira.
Na quarta-feira:
Chefe: Estou estudando. Venha na terça...
Adoniran interrompe:
- Faz o seguinte: vai estudando... quando chegar a sua formatura me avise..
Ja li que ser paulistano é vantagem apenas para paulistanos. No resto do pais é handicap. Não ouso começar uma discussão sobre o que é ser paulistano. Teria milhares de respostas e nenhuma definitiva, ja que o caldeirão onde se fundou São Paulo é o seu principal triunfo e o seu principal sumidouro.
Cada região de Sampa - sou de casa, posso ter intimidades - tem o seu fervor, a sua identidade, o que os americanos chamaram de melting pot e na capital paulista pode ser chamada de riqueza cultural. Japoneses, italianos, portugueses, judeus, libaneses, turcos, alemães, gregos, espanhois, franceses, e todas as religiões ganharam a sua vida no ritmo de um relogio que passou a trabalhar cada vez mais rapido, numa sociedade que cresceu sem medo e sem medida.
Hoje, a cidade, cheia de defeitos, resultado de uma ausência de senso de urbanismo que envergonharia o antigo prefeito Prestes Maia, tem muitos reflexos. Alguns sombrios e outros mais luminosos que fazem com que, ao mesmo tempo, critiquemos e que nos arrepiemos com certos simbolos que são so de São Paulo - para a nossa sorte e para o nosso azar.
"No relogio da Paulista/quatro horas da manhã/Ta chegando no Ceasa/outra caixa de maçã/Ta chovendo pra chuchu/la no Anhangabau/As pessoas vão correndo em vão/pra avenida São João/No relógio da Paulista/Cinco horas da manhã/Tá chegando no Ceasa/Outra caixa de maçã/A aurora já raiou/Me intrometo no metrô/Na ladeira da Consolação/Sobe e desce condução/Meu amor, meu coração/Araçá, que horas sãoNo relogio da Paulista/São seis horas da manhã/Ta chegando no Ceasa outra caixa de maçã"
Essa musica, de Passoca e Guca Domenico, é uma pequeno extrato da vida paulistana, que também é a São Paulo dos Racionais, de Rita Lee, do Ira!, e de muitos outros compositores que, de diversas partes do Brasil, descobriram na cidade um mote e um tema para amar e odiar. Mas o mais singelo de todos talvez seja João Rubinato, também conhecido entre nos pelo pseudônimo de Adoniran Barbosa. Em homenagem aos 453 anos de Sampa, transcrevo uma historia que ocorreu com Adoniran quando trabalhava na Radio Record ha quase 30 anos e resolveu pedir aumento para o seu chefe:
Chefe: É verdade, você tem que ser aumentado pois ganha muito pouco. Vou lhe aumentar (Era uma quinta-feira). Vou estudar o seu caso. Volte na segunda-feira que lhe darei uma solução.
Na segunda-feira seguinte, lá estava Adoniran.
Chefe: Não esqueci. Estou estudando o caso. Volte na sexta-feira.
Adoniran voltou ao chefe na sexta-feira combinada.
Chefe: Não esqueci não. É que andei muito ocupado, não tive tempo, mas estou estudando o seu caso. Fique tranqüilo. Vou lhe dar aumento. Estou estudando... Volte na semana que vem.
E na semana seguinte:
Chefe: Não pude fazer nada ainda. Mas pode deixar que estou estudando seu caso. Volte na segunda-feira que vem.
Adoniran voltou na segunda-feira:
Chefe: Estou estudando. Volte na quarta-feira.
Na quarta-feira:
Chefe: Estou estudando. Venha na terça...
Adoniran interrompe:
- Faz o seguinte: vai estudando... quando chegar a sua formatura me avise..
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