Katilce Miranda deve ser um dos nomes mais falados do Brasil nos últimos dias, apesar do seu nome só provocar quatro resultados no Google, pelo menos até hoje. Bom, depois desse post, deve ser cinco. Em compensação, no Orkut, ela é a responsável pelo novo boom de comunidades. Nada mais do que 874 comunidades falam sobre a mais nova celebridade da sociedade brasileira, sendo que uma delas, "Mandei scrap pra Katilce", tem 1620 membros, apesar da nova estrela já ter 991.989 scraps. Não, não coloquei números a mais não.
Algumas comunidades são mais originais, como "Katilce with ciroulas", "Katilce responda a todos os scraps", "Chuck Norris pegaria a Katilce?", "Katilce nunca me beijou", "Uno, dos, tres...Katilce", ou "Katilce vai explodir o Orkut...faça alguma coisa". Claro que a maioria das comunidades não chega a ter dez pessoas, mas as comunidades orkutianas já são mais do que um mero grupo de pessoas e passou a ser uma demonstração da personalidade. Que frase tão chavônica e profunda! Mas cuidado com as imitações! Já existem 37 Katilces Mirandas no Orkut.
Mas uma figura enigmática está esquecida no mundo da Internet: José Alves de Moura, o Beijoqueiro. Nascido em Portugal, ele foi para o Brasil com 17 anos para fugir do serviço militar e tentar a vida no Rio de Janeiro. Tentou a vida como taxista, como figurante e comerciante e tudo ia bem até, de acordo com seu irmão, ter sido golpeado na cabeça num assalto. A partir daí - e isso aconteceu em 1966 - sempre esteve em hospitais psiquiátricos por períodos variáveis. O Beijoqueiro começou a merecer a fama e o apelido em 1980, quando, desafiado por amigos, conseguiu ultrapassar a segurança pesada e beijar Frank Sinatra num show no Maracanã. Tenho muitas lembranças da década de 80, e o Beijoqueiro é com certeza uma das que ficaram. Em qualquer evento importante, por trás da poderosa barreira de segurança(ainda antes da febre terrorista), sempre aparecia o Beijoqueiro, quebrando o gelo das cerimônias e, às vezes, provocando risos nos "beijados". José Alves de Moura teve frequentemente costelas quebradas e outros problemas em confrontos com policiais. Quando a Irmã Dulce morreu, apareceu no velório e beijou o caixão.
O ídolo dos anos 80 teve até um documentário baseado na sua "personagem", denominado "O Beijoqueiro - Portrait of a Serial Kisser", de Carlos Nader, feito em 1991. Umas das últimas notícias de José Alves de Moura são de 1999, quando foi visto na Avenida Presidente Vargas, no Rio de Janeiro, beijando o asfalto. No entanto, já foi visto depois disso no Rock in Rio 3, em 2001(foto). Dizem ainda que o Beijoqueiro, que deve ter 65 anos, está internado em Brasília, com problemas mentais.
Zico, Figueiredo, Roberto Carlos, o papa João Paulo II, Desmond Tutu, Nelson Mandela e Marta Suplicy, são algumas das mais de 20 mil personalidades já beijadas por ele. Aliás, Moura tinha uma birra com o ex-prefeito de São Paulo, Paulo Maluf.
"Há cinco anos, quando ele era prefeito de São Paulo, fui até sua residência para dar um beijo nele. Ele fugiu de mim, e desde então espero que ele nunca mais vença nenhuma eleição", declarou o Beijoqueiro em jeito de praga, em meados do ano 2000.
Seja como for, só fico triste em imaginar que, caso o Beijoqueiro "atacasse" hoje em dia, nessa época tão confusa em termos de segurança em que não sabemos quem é "mocinho" e quem é "vilão", ele poderia estar preso em Guantanamo por intenções terroristas. E ele só queria aparecer. E beijar. Viva o Beijoqueiro.